Não vale tudo

Somos presentemente, como Nação e como povo, injustos para com os nossos antepassados. Injustos para com os nossos heróis. Injustos para com a nossa memória.

Houvesse dúvidas desse facto, soube-se hoje que um dos jantares privados, de carácter exclusivo e pouco publicitado, organizados pela Web Summit, foi realizado no Panteão Nacional. 

O Panteão Nacional é o último local de repouso de uma série de ilustres nacionais. De cidadãos que se distinguiram em vida, e que com isso elevaram o nome de Portugal. A Nação tem para com eles uma dívida eterna e parte desse reconhecimento é estarem ali, sepultados naquele edifício. Por lá repousam as almas de personalidades como Humberto Delgado ou Guerra Junqueiro. É, ou deveria ser, um local de respeito, de silêncio e de memória. 

Não sou crítico da Web Summit. Tê-la por cá é certamente bem melhor do que não a ter. Gera negócio, gera exposição e gera riqueza. 

Mas não pode valer tudo

O país, a memória colectiva e o respeito pelos nossos antepassados não pode ser menosprezado ou posto em segundo plano por causa de um evento. Seja ele qual for (  já que a lei existente permite que aquele espaço seja alugado por qualquer um, como já o foi no passado, inclusivé por empresas nacionais). 

Aquele jantar não é somente uma demonstração de mau gosto. 

É uma injúria a tudo aquilo que nós deveríamos defender: a nossa pátria e os nossos antepassados.

E enganam-se os que pensam que a culpa é da organização da Web Summit ou das empresas que por lá organizaram jantares. 

Não é. 

É nossa.

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