“Borrado de medo!”
Foi a resposta que um veterano da Segunda Guerra Mundial deu quando lhe perguntaram como se tinha sentido naquele dia, o mais importante dos Dias, no longínquo mês de Junho de 1944.
“Mas era o meu trabalho. Alguém tinha de o fazer.”
O barulho dos motores abafava todos os outros sons. Era de noite e aquele som soava a tortura. Por entre aquelas pequenas janelas naquele tubo de alumínio a que chamavam avião, iam ficando cada vez mais fortes uns irrequietos clarões de luz. Não tardou muito para que com cada clarão viesse um pouco de turbulência. Cada vez mais forte. Como um tambor que se vai aproximando.
“Os cabrões estão a disparar sobre nós!”
Agora, passados apenas dez minutos, o barulho dos motores como que tinha desaparecido. Era a mais silenciosa sinfonia que se ouvia, lá ao fundo, abafada, mas constante, entre explosões e berros do líder de secção que se esforçava para se fazer ouvir.
E acendeu-se aquela luz verde. Aquela luz que todos os Paraquedistas aguardam. Aquela luz que lhes alimenta a ansiedade.
A luz que lhes permite abandonar aquele casulo de aço.
E assim, naquela noite que mais parecia dia, saltou de um avião com um paraquedas às costas. Isso e mais trinta quilos de equipamento. Como ele, vários milhares de outros militares saltaram – americanos, britânicos, canadianos. Todos eles, e os milhares que aguardavam ao largo da costa francesa, tinham apenas uma certeza: que provavelmente não chegariam com vida ao fim daquele dia. Muitos não chegaram.
Era madrugada do dia 6. Dia D.
Faz hoje setenta e dois anos.
Setenta e dois anos em que uma geração de Homens provou que a Coragem pode vencer a Tirania.
Happy D-Day.
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