TAP Portugal: 70 anos de história

“Devo ser eu”, penso. 

Às vezes tenho sérias dificuldades em perceber o que queremos. Nós, como povo, como Nação. O que admiramos, o que respeitamos, o que almejamos ser lá no fundo. 
A TAP Portugal volta a estar em destaque e, como é hábito, voltam a chover os comentários menos abonatórios sobre a empresa, quem por lá trabalha e pelo que representa. “Bom bom seria o fim da mesma” dizem alguns. 
Engraçado. 

Aqui temos uma empresa que: 

- Tem 70 anos de uma orgulhosa história a (e)levar o nome de Portugal pelo mundo;
- A sua operação na linha imperial originou os primeiros levantamentos topográficos aéreos da história africana;
- Foi a primeira companhia aérea da Europa a operar uma frota constituída apenas por aeronaves a jacto;
- Foi a primeira companhia aérea europeia a obter certificação para a manutenção dos motores do Boeing 747, década de 70;
- Efectuou a maior ponte aérea da história no nosso país, em 1975, durante a crise dos retornados;
- Na década de 80 foi a primeira companhia aérea a nível mundial mundial a estabelecer um sistema de comunicações via satélite;
- É altamente reconhecida pelo profissionalismo da sua manutenção, ao ponto de aeronaves de estado de outras nações efectuarem as suas revisões em solo nacional;
- É líder – e reconhecida como a melhor companhia aérea europeia – nas rotas para o a América do Sul e África;
- É a sétima mais segura companhia aérea do mundo (dados de 2014, dados JACDEC).
- É uma das poucas companhias aéreas mundiais a quem a Airbus recorre no desenvolvimento de novas aeronaves.
- É reconhecida pela elevada qualidade e profissionalismo dos seus elementos técnicos.

E, mesmo assim, é encarada com desdém. 

Airbus A330 da TAP Portugal. Lindo seria dizer pouco. (Foto: Rui Sousa)

Airbus A330 da TAP Portugal. Lindo seria dizer pouco. (Foto: Rui Sousa)


Não me interpretem mal. A TAP não é uma empresa sem defeitos. Pelo contrário. Existem e têm de ser resolvidos. O mais atempadamente e profissionalmente possível. 
Mas, factualmente, a TAP ao longo de setenta anos esteve na dianteira. Na dianteira da evolução tecnológica. Na introdução de novas aeronaves. No desenvolvimento de novos procedimentos e técnicas de manutenção e voo.

Foi, e continua a ser, um exemplo de profissionalismo e inovação nacional. Uma empresa muitas vezes à frente das suas congéneres internacionais.

Por mais polémica que a privatização traga e por mais polémica que a situação económica da empresa traga, não entendo a vontade de alguns de ver a TAP morrer.

Pelos vistos o velho do restelo está vivo e de saúde entre nós. 

Ainda bem que as Naus zarparam a tempo...

Japão: a surpresa do sol nascente

Tóquio surpreende. O Japão surpreende. Os japoneses surpreendem.

“A sério?” pensava eu enquanto olhava a carruagem de metro à minha volta. “Podia comer o meu pequeno almoço directamente do chão”.
Nunca vi cidade tão limpa na minha vida. A carruagem do metro brilha, de fazer inveja a qualquer anúncio de CIF. A estação igual. As ruas, idem idem aspas aspas. 
“O que é que se passa com esta cidade”? 
É mais limpa que uma fábrica de satélites. 

Mas se fosse só a limpeza... Não é. 

A comida... para lá do muito bom em qualquer restaurante que tenha parado. Parece que há um Jamie Oliver a cada esquina. 

A eficiência... isso da malta nórdica ser o supra-sumo é, lá está, mito. Qualquer japonês deixa cinco dinamarqueses no canto do ringue. Sem misericórdia. Sem quartel.

 


A surpresa do português. Nos multibanco, por exemplo, só existem duas traduções para línguas ocidentais: o inglês e o... português. “Puta que pariu”! Luxo!

E claro. A simpatia e o respeito. De outro mundo. Não há uma pessoa que não ajude, que não seja prestável, que não trate todos à sua volta com respeito. Mesmo que não fale inglês. E que perceba que viver em sociedade é isso mesmo: em “sociedade”. Juntos para o bem comum. Parte de uma equipa. 
E tanto que nós podíamos aprender com eles. Se em Hong Kong e em Macau um taxista nem do táxi sai para ajudar a por as malas no porta bagagens, em Tóquio quase que ficam ofendidos se não forem eles a fazê-lo. 

Há quem se meta a aprender alemão. Mandarim. Até russo. Esqueçam. Aprendam japonês.

Que sítio maravilhoso. Até os corvos posam para as fotos.