No céu das espumas de barbear

Foi um ano. Dezoito meses. Talvez mesmo dois anos. Ou talvez mais! Não sei quanto tempo duraste. Mas duraste muito. Mais do que era suposto! Serás relembrado com saudade meu querido gel de barbear. 

Bem sei que não fui o amigo perfeito. De facto tenho parte da minha superfície facial coberta permanentemente de “penugem”. No entanto eras tu que me ajudavas a ter um ar civilizado.  A aparar no pescoço, na fronteira da barba. 

Cumpriste o teu dever com coragem. Sempre presente. Estiveste comigo por todo o mundo. Por toda a Europa. Dos Estados Unidos ao Japão. Da Tailândia ao Brasil. Estiveste lá. E, tal como me apareceste numa prateleira de um qualquer supermercado um dia, despareceste sem dar aviso.

Nunca te queixaste. Nunca. Nem mesmo quando a tira de Aloé Vera da lâmina de barbear estava mais gasta que um autocarro da Carris. Aguentaste estoicamente. 

Se Homero fizesse a barba, serias personagem de epopeia estou certo. 

Não sei como estás agora, mas sei onde estás. Estarás certamente no céu das espumas e gel de barbear. Céu esse onde todos os homens têm barba palha d´aço e todas as mulheres ostentam um orgulhoso e voluptuoso buço

Descansa em paz! 

Mereces.

 

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