Está escuro e só aquela pequena luz de presença permeia no ar, insistente e pronta a cumprir a sua função. É insistência dele, claro. O silêncio que se sente invade-nos a alma e ali, encostado aquela parede fria do quarto dele quase que adormeço. Irónico, quando estou lá para garantir que é ele que adormece.
De súbito, passados 10 minutos de pura inexistência sonora, uma voz trespassa o ar que nem um trovão. Forte mas melosa. “Pai…?” ecoa pelo quarto.
“Sim filho?”
“O Ratatui é italiano ou francês?”
Solto uma gargalhada.
Por amor dos Deuses, penso, vou sentir tantas saudades disto!
Duas coisas são certas: o tempo será cruel, como sempre o é, e o meu filho ainda fará de mim um poeta.
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